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terça-feira, abril 05, 2005

Vida sobre duas malas

Creio já ter comentado que eu gosto de criar teorias. Praquele que não leu meu perfil isso é uma novidade, mas tudo bem. Gosto sim de criar teorias sobre as coisas, acho bem divertido: pensar sobre os diversos assuntos que me tomam ao longo dos dias e teorizá-los. Como toda teoria (que se preze) por vezes é apenas uma teoria e não se aplica na prática, mas aí está o "grande barato" de ser uma teoria.
A mais recente é fruto de um ocorrido com um amigo. Amigo este que está indo embora para outro país, outro continente, para o velho mundo! Com tudo ele precisou se desfazer de vários, vááários excessos de bagagem. Tudo que não poderia ir com ele: mobília , vários discos, eletrodomésticos, quadros e etc. Enfim hoje tudo que ele efetivamente possui são duas malas. E como ele mesmo tem repetido: "toda minha vida se resume à duas malas!" Vocês já podem ter imaginado que meu sensor teorizístico aguçou-se todo para um novo trabalho. Sim, eu pensei muitos dias sobre isso e criei uma nova teoria!
Calma, não vou dizer que não precisamos de mobílias, eletrodomésticos, computadores (em especial!) entre outros, longe de mim essa teoria neo-hippie. Mas acompanhe o meu racíocinio (lógico ou não): tudo que realmente precisamos pode estar em uma ou duas malas. As roupas que realmente usa são pouco volumosas, escova de dentes e sabonete cabem em qualquer canto, tanto cartões de crédito como máquinas fotográficas estão cada dia menores (produtos de 1ª utilidade! rs) e assim por diante. Isso qualquer duas malas bem organizadas dão conta do recado. Até aqui tudo bem e nossa vida se resumiu à duas malas. Você pode me perguntar: mas e o resto? E eu respondo com outra pergunta: o que realmente importa na nossa vida, o que faz de nós seres individuais, únicos e diferentes? Bem, isso não caberia em mala alguma, nem que fosse do tamanho de um container. Aquele cheiro de geléia que tinha sempre na casa da sua avó; aquela casa na árvore que você fez sozinho no pé de limoeiro; a cicatriz que você ganhou no dia que caiu da mesma casa da árvore; o medo que você sentiu do leão e do tigre quando foi levado ao zoológico; o desespero de ser abandonado no jardim de infância quando sua mãe saiu de fininho e você não viu; o misto de calor e frio de quando seu namoradinho pegou na sua mão no intervalo de aula; o primeiro dia que você foi à uma peça de teatro; a sensação de que seu coração sairia pela boca no primeiro beijo do "1º amor da sua vida" (que duraria pra sempre... até acabar!); as 3 horas ao telefone contando pra amiga o que aconteceu na última meia hora que vocês não se falaram; o dia em que você viajou de avião e viu a sua cidade pequenininha lá de cima; o dia em que sua mãe deu à luz sua irmãzinha caçula; o sentimento de independência do primeiro salário; a decepção de quando descobriu que todos os $$ só duraram uma semana; os erros cometidos com sua família, seu emprego, sua faculdade, sua conta bancária; a felicidade do amor verdadeiro; os planos pro futuro. Enfim, isso faz de nós o que somos, nosso caráter, nossa personalidade. Como colocar isso em uma caixa, ou uma mala ou qualquer outro lugar? Isso faz parte de nós e levaremos por onde formos. Então aqui minha teoria se prova, nossa vida cabe sim em duas malas!

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vida = do Lat. vita/ s. f./ estado de actividade de animais e plantas/ existência/ espaço de tempo decorrido entre o nascimento e a morte/ modo de viver/ biografia/ movimento/ calor/ animação/ sustentáculo/ origem

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2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Bell!!! Adorei!!

Vou ler sempre!!

Esse texto sobre o que somos tá ótimo!!

parabéns pelo blog!

Tequinha

2:17 AM  
Anonymous Anônimo said...

Q bom que o que eu sou têm um pouco (e cada vez mais) de pessoas especiais.

Como vc!

Como a "Flor" que tb comentou aqui (rs).

Q bom que "isso tudo" ñ cabe em lugar nenhum do mundo.

Só no meu coração... (apesar de pequenino - grande contraste com o tamanho de vcs, né?)

Bjao, amiga super-inteligente!
Obrigada pelo ótimo texto e pelo "tudo".

Shalom

*)

7:50 AM  

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