<$Blá blá blá$>

segunda-feira, abril 25, 2005

Um salve à vida: SALVE!

Creio que nunca falei isso antes aqui, mas eu não gosto muito dos domingos. Salvo pelo descanso de não trabalhar, ele é muito chato, com uma certa melancolia pairando no ar. Não sei se é pela preguiça da semana que começa ou do cansaço da que terminou, acho que a própria semana não se definiu quanto à isso. Mas esse nem é meu alvo para esse texto. O que ocorre é que esse domingo ficou ainda mais triste e melancólico com a árdua tarefa que tive que encarar. Um velório.
Velórios por si só já são um tanto desconfortáveis. Ou porquê você está ali por pura educação e respeito (porquê não seria de bom tom não comparecer) ou, ainda mais dolorido, porquê você tem (ou teve) algum laço, sanguíneo ou afetivo, com a pessoa falecida e sua família. No meu caso foi a segunda opção. Dona Morte não se contentou com a dor da separação e resolveu trazer um ar de indignação como acompanhante. A causa da morte é o que deixa mais dolorida a separação, e mais difícil a sua aceitação. Oma Gilda, como eu costumava chamá-la, (oma é avó em alemão), morreu na noite de sexta-feira vítima de um seqüestro relâmpago. Noticiário comum nos nossos dias, mas que trouxe profunda tristeza pra essa família querida, e pra mim, nesse fim de semana. Ninguém pode explicar, ou entender agora os desígnios de D-us para essa sua filha, mas, eu quase ouso dizer infelizmente, os três adolescentes (tinham em torno de 17 anos, segundo testemunhas) não obtiveram sucesso em sua tentativa de tirá-la algum dinheiro. Oma Gilda sobressaltou-se de tal modo que foi à óbito num sufocamento por obra de um derrame. Não sofreu nenhuma agressão física, segundo o IML, mas o medo e o susto levaram dela o sopro de vida. Fato que, na minha opinião, não isenta os seqüetradores da culpa.
Foi muito estranho vê-la tão quietinha hoje, ela que sempre super-ativa fazia tantos bolos, pães, rosca cada vez que eu ia na sua casa. Nem mesmo quando enfrentava com bravura um câncer que teimava em enfraquecê-la, vi algum sinal de entrega. Tanto lutou que venceu, estava curada completamente. E agora gastava seus dias entre visitas nos hospitais, trabalho voluntário, aulas particulares de música e tocar com destreza o seu violino para amenizar a dor de pacientes que ainda continuavam a luta que ela já vencera. Sem contar, claro, seu trabalho de aconselhamento na igreja. Ela era doce, tinha sempre um sorriso estampado, um abraço caloroso e um coração que cabia o mundo todo. Só tenho ótima lembranças pra guardar, e isso é ótimo, e só quero pensar nisso agora. Era uma mulher forte, decidida e que não deixou pra viver o amanhã, ela viveu com gosto. Quando sentia que deveria falar ela falou, que devia ir ela foi e assim por diante. Ficam agora a lembrança e a saudade. Tudo isso não poderia deixar de me lembrar que o que temos é o agora, e devemos vivê-lo com intensidade. Não sabemos do futuro, nem de onde estaremos. E no fim de um dia triste de despedida o que ficou foi essa missão: viver cada dia como se fosse o último. Não numa louca desvairada e irresponsável, mas com sabedoria, serenidade e profundidade. Porquê pra ela aquela noite de sexta-feira era apenas mais um fim de semana que começava.
Meus mais sinceros votos de condolências à família que tanto me acolheu. Que o D-us que sempre habitou suas casas possa mais do que nunca habitar seus corações com Sua paz e que o Espírito Consolador esteja sobre vocês.
Minha mais sincera reprovação e revolta à polícia e seu descaso. Injustiça gera ainda mais crimes, mas isso não parece aborrecê-los. De sorte que nossa justiça virá do Senhor, que não deixará pedra sobre pedra e nEle confiamos.
___________________________________________________________
saudade = do Lat. solitate/ s. f./ lembrança triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas acompanhada do desejo de as tornar a ver ou a possuir/ pesar pela ausência de alguém que nos é querido

justiça = do Lat. justitia/ s. f./ conformidade com o direito/ acto de dar a cada um o que por direito lhe pertence/ equidade

___________________________________________________________

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Bellzinha... meus sentimentos.
Só isso... que mais dizer?

Tequinha :(

12:50 AM  
Anonymous Anônimo said...

Lamento e fico orando...
[Só isso e tanto...]

Bjo e mto carinho para aquecer e consolar seu coração.

Lála :(

10:49 AM  

Postar um comentário

<< Home